terça-feira, 12 de novembro de 2013

"A Civilização no Cassino", por Paul Krugman, no Outras Palavras


www.avebarna.blogspot.com.br
Muita gente boa que conheço não está convencida do aquecimento global e seus perigos, por alegada insuficiência de provas científicas.

Eu não apenas acredito nele,  piamente, como boto fé que o buraco da camada de ozônio não fica em cima (ou embaixo?) da Antártida (sou do tempo em que Antártica era marca de cerveja) como indicam todas as ilustrações que encontrei
no Google sobre o tema, mas acolhe uma linha reta que vai do centro do Sol ao centro da Terra passando por Santa Rosa, Niterói, e é responsável pelo calor saariano que começa a fazer por aqui, trazendo consigo enxames cada vez mais numerosos e agressivos de caminhões-pipa.

Para contribuir com o alerta global – contra o excesso de efeito estufa e a falta d’água –, Uma Estranha e Gigantesca Ave Sobre Barcelona traz um link para o artigo do keynesiano verde Paul "Hulk" Krugman, “A Civilização no Cassino” (resenha de The Climate Casino: Risk, Uncertainty, and Economics for a Warming World, de William D. Nordhaus, Yale University Press), tradução de Cristiana Martin, recém-chegado ao meu all-in-one por via do boletim Outras Palavras, Atualização No. 329, de 09-11-2013.

O link para o artigo é  http://outraspalavras.net/destaques/krugman-a-civilizacao-no-cassino/


Veja algumas passagens: 

"Claro que Nordhaus está ciente disso, mas creio que ele minimiza quão ruim está o cenário. […] O ponto é: há poderes reais por trás da oposição a qualquer tipo de ação climática – poderes que desvirtuam o debate, tanto negando a ciência climática quanto exagerando os custos para reduzir a poluição. E esse não é o tipo de poder que pode ser afastado com argumentos tranquilos e racionais. (..)
Para além disso tudo está a ideologia. “Os mercados sozinhos não resolverão esse problema”, declara Nordhaus. “Não há ‘solução de livre mercado’ genuína para o aquecimento global.” Isso não é uma afirmação radical, é apenas economia básica. Contudo, é um anátema para os entusiastas do livre mercado. Se você gosta de se imaginar como personagem de um romance de Ayn Rand, e alguém diz a você que o mundo não é daquele jeito, que ele necessita intervenção do governo – não importa quão amigável ao mercado ele possa ser – sua resposta provavelmente será rejeitar a informação e se apegar a suas fantasias. E, é triste dizer, um bom número de pessoas influentes na vida pública norte-americana acredita estar atuando no Atlas Shruged.
Finalmente, há um forte traço no conservadorismo norte-americano moderno que nega não só a ciência climática, mas também os métodos científicos em geral. Uma enquete sugere, por exemplo, que a grande maioria dos republicanos rejeita a teoria da evolução. Para pessoas com essa mentalidade, permanecer alheio ao consenso científico sobre a questão apenas sustenta e alimenta fantasias sobre conspirações malucas.
Daí minha preocupação com a utilidade de livros como The Climate Casino. Dado o estado atual da política norte-americana, a combinação de interesse próprio, ideologia e hostilidade à ciência constitui um enorme obstáculo à ação, e a argumentação racional provavelmente não ajudará. Enquanto isso, o tempo está se esgotando, à medida que a concentração de carbono continua a subir.
(..)