quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Demorou! E agora?


Folha de S Paulo 25-02-2025
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2025/02/dirigente-do-hamas-diz-que-nao-aprovaria-7-de-outubro-se-soubesse-das-consequencias-para-gaza.shtml


E para juntar a tragédia à catástrofe, tudo isso num momento em que, como se viu logo depois, maior era a cisão entre o governo Netanyahu e uma imensa parte - a mais importante porque marcadamente juvenil - da nação israelense. Se o objetivo era a libertação dos milhares de prisioneiros palestinos esquecidos nas prisões de Israel, e está claro que era, muito mais eficaz teria sido a articulação de iniciativas políticas comuns da juventude e dos trabalhadores palestino-israelenses, em ambos os países. A opção pela política do olho-por-olho, dente por dente não apenas estendeu a Netanyahu uma tábua de salvação na política interna israelense como o transformou em símbolo da reação neonazifascista em todo o mundo. E para os palestinos, o apocalipse: se a “solução de dois Estados” já era um sonho distante, hoje parece uma quimera: mais provável é Estado nenhum!

Para mim, a “solução de dois Estados” é ela própria uma quimera enquanto as nações palestina e israelense não forem capazes de construir para si Estados 100% laicos, multiétnicos e democráticos, o que só é possível sobre a base da função social da propriedade - caso em que deixa de haver razão para existirem dois Estados, um deles abrangendo as sobras de território palestino não ocupado por Israel.

Resumo da ópera: quimera por quimera, persigamos uma que valha a pena - um só Estado palestino-israelense laico, multiétnico e democrático baseado na função social da propriedade.