quarta-feira, 26 de junho de 2013

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Quem, perplexo diante do desconhecido e assustado com os danos colaterais, tiver a audácia de sugerir que isto é um produto de "pautas conservadoras", ou não está entendendo nada, como disse Caetano em idos tempos, ou é um burocrata empedernido à espera da primeira oportunidade de dizer que é tudo uma maquinação da "oposição conservadora e fascista" - para júbilo da ordem em geral, da oposição em particular e até dos eventuais fascistas, que nunca imaginaram ter tanto poder!

Acho que o resumo de tudo é: Dilma (ainda) tem legitimidade, mas com este Congresso não dá! Aparece, Presidenta! Confirme o que disse anteontem! A senhora tem toda razão!

"Eu vi ontem um cartaz muito interessante que dizia 'desculpe o transtorno, estamos mudando o país'. Eu quero dizer que o meu governo está ouvindo essas vozes pela mudança. O meu governo está empenhado e comprometido com a transformação social. Quem foi ontem às ruas quer mais. As vozes das ruas querem mais cidadania, mais saúde, mais educação, mais transporte, mais oportunidades. Eu quero aqui garantir a vocês que o meu governo também quer mais, e que nós vamos conseguir mais para o nosso país e para o nosso povo". (Dilma Roussef, 18-06-2013)
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A esmagadora maioria dessas pessoas foram eleitoras de Dilma Roussef e, até o início da crise atual, continuavam sendo. Dizer que elas são conservadoras ou que estão aí manipuladas pelos conservadores é prova cabal de estupidez ou má fé.

Mas a atual direção do PT parece capaz de tudo para se proteger daquilo que, na melhor das hipóteses não entende e, na pior, teme como a peste.

Ninguém neste país, salvo o próprio Lula, tem mais legitimidade política do que Dilma Roussef, e foi por isso que ela declarou, anteontem: "Eu vi ontem um cartaz muito interessante que dizia “desculpe o transtorno, estamos mudando o país”. Eu quero dizer que o meu governo está ouvindo essas vozes pela mudança. O meu governo está empenhado e comprometido com a transformação social. Quem foi ontem às ruas quer mais. As vozes das ruas querem mais cidadania, mais saúde, mais educação, mais transporte, mais oportunidades. Eu quero aqui garantir a vocês que o meu governo também quer mais, e que nós vamos conseguir mais para o nosso país e para o nosso povo". (Dilma Roussef, 18-06-2013)

Eu estou com esse povaréu, e, até segunda ordem, com Dilma. A direção do PT, em vez de voltar às bases para ouvir o movimento e aprender com ele, parece mais preocupada em identificar "fascistas", de preferência onde eles não estão. E já está apelando à Jornada da Juventude (dado que a Copa da Confederações foi para o beleléu) para dividir o movimento. Homessa! Filme velho e ruim!


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Pessoalmente, acho que seria mais interessante a liderança - ser difusa não quer dizer que não exista - dar um tempo para fazer o balanço das imensas conquistas e pouquíssimas perdas e pensar um pouco no que pretende e como seguir adiante. Um mínimo de organização é indispensável, assim como a formulação de perspectivas. Não é bom andar no vazio e, de toda forma, o mundo não acaba amanhã. A Tarifa Zero ainda está no horizonte, a Olimpíada é em 2016 e a Copa do Mundo no ano que vem.

Impedir que os 20 centavos da tarifa sejam repassados de outra forma aos trabalhadores me parece ser o objetivo imediato (alguém acredita que não será tentado?), assim como revogar a concessão do Maracanã e dos demais estádios. Destruí-los seria agravar o malfeito dos governos estaduais, que gastaram o dinheiro, e federal, que deu a chancela e, no final, acabará pagando a conta.

Uma campanha por uma Lei Nacional do Passe Livre pode ser um caminho interessante, assim como a revogação da Lei da Copa. Se o Brasil quiser, pode revogar a própria Copa. Por que não uma campanha "Copa sem FIFA..."? "Olimpíada sem COI..."?


2013-06-26