quarta-feira, 20 de julho de 2016

Dilma conhece os golpes

Deu no El País online
19-07-2016, por Andrés Mourenza
http://internacional.elpais.com/internacional/2016/07/19/actualidad/1468927085_919580.html
Turquía suspende a 15.000 empleados del Ministerio de Educación

Imagem (detalhe): Gazeta do Povo
Autor não identificado
Ativistas para quem a matéria da política só admite dois estados, "democracia" e "fascismo", deveriam aproveitar a ocasião para fazer um estágio na Turquia de Erdogan. 

Entre avisados e desavisados, é considerável o número dos que, no Brasil, insistem em qualificar o afastamento e provável deposição de Dilma pelo Congresso de "golpe fascista", talvez sem se dar conta de que isso implica ou aceitar a premissa de que seus autores tenham, numa noite mágica, dormido democratas e acordado fascistas ou, o que seria muito pior, de que Lula e Dilma governaram 13 anos, sem que ninguém percebesse, aliados a fascistas.

Por incrível que pareça, as palavras mais lúcidas a respeito da questão no aprisco petista vieram da boca... da presidenta Dilma!!! Num arroubo de lucidez em face do putsch turcomano, ela sacou a conclusão, tosca, porém irretorquível: o golpe na Turquia foi militar; no Brasil, parlamentar. 

"É golpe do mesmo jeito", dirá o petista impaciente. Sim, é golpe. Mas não "do mesmo jeito". E o jeito, neste caso, faz uma enorme diferença! Ou não faz

PS: A consequencia mais provável do putsch antidemocrático contra Erdogan na Turquia será, como se pode intuir da manchete do El País, um surto antidemocrático e abertamente repressivo pró-Erdogan na Turquia e no Curdistão turco - sempre em nome da democracia, é claro! Resta ver quanta bala na agulha têm os trabalhadores e "indignados" turcos e curdos para se defender dessas disputas intestinas pelo controle do aparelho de Estado. Na Turquia, como no Brasil, os donos da baba - a quem servem, por distintas taxas de serviço e risco (e eventuais honrarias), esses tradicionais litigantes - vivem à sombra de seus capatazes, recolhidos à própria insignificância como liderança social e histórica.
2016-07-19