quinta-feira, 5 de abril de 2018

Nem em si nem para si

No impeachment de Dilma, em 2016, a ausência da classe trabalhadora foi um inequívoco sintoma de seu alheamento para com aquele que fora um dia o seu partido político.

Na prisão de Lula, em 2018, a ausência do movimento operário é a prova de que a relação do jovem trabalhadorado brasileiro com sua liderança histórica não vai além da lembrança que seus membros possam ter das gloriosas jornadas grevistas por salários e direitos, e da fundação da CUT para romper com a burocracia sindical varguista, narradas por seus pais. 

Nem todo o barulho gerado nas redes sociais nem a foto viral de Lula "protegido pela multidão" pode obscurecer o fato de que a resistência no Sindicato dos Metalúrgicos em face da ordem de prisão não reuniu mais do que algumas dezenas de dirigentes, burocratas e fiéis adeptos partidários e sindicais e, o que é sumamente significativo, não atraiu uma única delegação operária independente tampouco mereceu uma mísera operação-tartaruga de que se tenha notícia. Se aconteceu, Lula e seu partido sequer fizeram questão de mencioná-lo. 

Considerando por outro lado que Lula tem, mesmo preso, a maioria das intenções de voto nas eleições previstas para 2018, fica a pergunta: qual a natureza social do lulismo e o caráter de classe do PT do século XXI?



Montagem: Avebarna
Foto original: Francisco Proer/Reuters





2018-04-05