Na prisão de Lula, em 2018, a ausência do movimento operário é a prova de que a relação do jovem trabalhadorado brasileiro com sua liderança histórica não vai além da lembrança que seus membros possam ter das gloriosas jornadas grevistas por salários e direitos, e da fundação da CUT para romper com a burocracia sindical varguista, narradas por seus pais.
Nem todo o barulho gerado nas redes sociais nem a foto viral de Lula "protegido pela multidão" pode obscurecer o fato de que a resistência no Sindicato dos Metalúrgicos em face da ordem de prisão não reuniu mais do que algumas dezenas de dirigentes, burocratas e fiéis adeptos partidários e sindicais e, o que é sumamente significativo, não atraiu uma única delegação operária independente tampouco mereceu uma mísera operação-tartaruga de que se tenha notícia. Se aconteceu, Lula e seu partido sequer fizeram questão de mencioná-lo.
Considerando por outro lado que Lula tem, mesmo preso, a maioria das intenções de voto nas eleições previstas para 2018, fica a pergunta: qual a natureza social do lulismo e o caráter de classe do PT do século XXI?
Montagem: Avebarna Foto original: Francisco Proer/Reuters |