segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Rasante: Desbolsonarizar a República!


Carta Capital 26-12-2021, por Esther Solano
https://www.cartacapital.com.br/opiniao/2022-o-ano-em-que-o-brasil-derrotara-bolsonaro/
2022, o ano em que o Brasil derrotará Bolsonaro


Fonte: https://twitter.com/LatuffCartoons



Assim espero. Se houver eleição em 2022 - algo que em nenhuma hipótese dou de barato, como faz a autora - votarei em Lula para defenestrar Bolsonaro o quanto antes, isto é, no primeiro turno. 

Só lamento que Lula e seu partido não tenham tido interesse em derrotá-lo antes mesmo da eleição, por meio de um movimento cívico suprapartidário de alcance nacional. Motivos e oportunidades não faltaram, como o golpe de Estado fracassado de 7 de setembro e a onda de indignação nacional despertada pela CPI da Covid.

Com quatro anos de bolsonarização, vale dizer de nazificação, do país, Lula assumirá o governo - se assumir, repito - com as instituições da Constituição de 1988, incluindo o Legislativo, o Judiciário e as Forças Armadas, infinitamente mais corrompidas do que estavam por ocasião do impeachment de Dilma Rousseff.

A eleição de Lula pela esmagadora maioria do povo brasileiro - caso se consume, é preciso insistir - trará consigo a expectativa de uma reconstrução democrática, incluídos direitos e programas sociais. A pergunta é: poderá Lula fazê-la sozinho, com a força de seus votos, seu carisma, sua máquina partidária e suas alianças eleitorais? Penso que não. A reconstrução democrática demandará, tanto quanto no Chile de Boric, uma Assembléia Constituinte soberana que se sobreponha ao arqui-corrompido Congresso Nacional e ao próprio Judiciário. Anular todos os atos do governo de Bolsonaro - reconhecido há pouco como ilegal pelo próprio Superior Tribunal Eleitoral - é imprescindível. A democracia não pode florescer sobre instituições apodrecidas, que dirá nazificadas.

Apostar todas as fichas da democracia na eleição de um presidente, quer se chame Arce, Boric ou Lula, é claramente um contrasenso, a começar pelo fato inapelável de que somos todos mortais; é dar razão a Thatcher, a rainha neoliberal, que disse certa vez: "Não existe sociedade, apenas indivíduos". Reflitamos.


2022-01-03