terça-feira, 1 de março de 2022

Rasante: Que venham os ianques!


UOL Notícias 24-02-2022
https://noticias.uol.com.br/colunas/kennedy-alencar/2022/02/24/putin-age-na-ucrania-como-agiram-bush-e-obama-no-iraque-libia-e-siria.htm

Montagem: Avebarna

Se você, leitor, pensou como eu pensei, que o insigne jornalista progressista esculhambaria a invasão russa da Ucrânia como teria esculhambado, no passado, as intervenções dos Estados Unidos e Europa no Iraque, Líbia e Síria, errou redondamente. Ele as usa para relativizar a criminosa invasão armada da Ucrânia pelo pretendente a czar redivivo da Grande Rússia.

Nosso Kennedy convive bem com o imperialismo desde que os impérios se equilibrem. As nações vassalas que se resignem, porque “a autodeterminação dos povos sempre encontrou um limite na força das superpotências” e isso, pelo jeito, seguirá sendo assim até que os tempos se consumem. Não há, pois, que “vilanizar Putin como faz parte da imprensa brasileira” - e há de ter feito parte da imprensa do Oriente Médio com Obama e Bush a seu momento - porque a ação russa foi provocada pelas pretensões da OTAN à incorporação da Ucrânia, onde, para culminar, "neonazistas existem e são bem aceitos". 

Se entendi corretamente a "doutrina Kennedy", deduzo que não podemos nos queixar da ingerência da CIA na derrubada de Goulart nem das recentes reinações da Lava Jato com o FBI: afinal, o limite da nossa autodeterminação está dado desde 1823 pela Doutrina Monroe - a América para os americanos. E como a pátria amada está talqualmente coalhada de nazistas, aliás dirigidos de dentro do Palácio do Planalto, deduzo também que o reverendo intervencionista Democrata Joseph Biden não deverá ser vilanizado se ordenar o bombardeio de Brasília para pulverizar o Gabinete do Ódio, acabar com o namoro de Bolsonaro com Putin, transformar a Amazônia em Zona de Exclusão e, por supuesto, detonar qualquer veleidade desenvolvimentista brasileira de erguer um sub-império de secos e molhados na América do Sul. 

Em suma, a cada potência cabe, no limite de suas forças, ser senhora de seu quintal; aos cidadãos-trabalhadores, contentar-se com a sua parte do butim dos oligarcas e, se for preciso, dar a vida pela pátria. 

2022-03-01