Folha PE / Agência O Globo
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Com presença de público abaixo do esperado, não ocupando nem metade do espaço reservado na Praça Charles Miller, no Pacaembu, na Zona Oeste de São Paulo, as centrais sindicais decidiram atrasar o discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ato do Primeiro de Maio realizado neste domingo. Lideranças petistas reconhecem que o discurso de Lula em um ato esvaziado geraria um fato negativo que seria explorado pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
A vitória neste 1º de Maio foi, indiscutivelmente, do patronato e do seu feitor-presidente. Mas este rotundo fracasso não surpreende: já faz tempo que o trabalhadorado brasileiro amarga a total ausência de organizações de base e iniciativas independentes (sindicatos por si sós não cumprem tal papel, menos ainda a burocracia herdeira do falecido Ministério do Trabalho), de representação política (o partido dito "dos Trabalhadores" renunciou faz tempo a tal missão, por livre e espontânea vontade de suas lideranças) e de um programa de classe para o país e o mundo do século XXI (que combine a transição para uma economia social e ambientalmente sustentável, essencialmente planejada, com a defesa e ampliação dos direitos democráticos em todos os níveis: nacionalidades, etnias e minorias oprimidas em geral).
Para muita gente boa, o trabalhadorado está morto como sujeito histórico. Pode ser. Mas como segue produzindo, insepulto, trilhões em bens e serviços de todo tipo, não devemos descartar a hipótese de um prolongado estado de catalepsia induzida por uma combinação de drogas poderosas que é mister investigar.
2022-05-02