Deu no Estado de S Paulo online
27-01-2011, por Sewell Chan / NY Times
Crise financeira de 2008 poderia ter sido evitadaComissão americana conclui que Fed e outros órgãos do governo dos EUA falharam
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Desde 1825, ano em que estalou a primeira crise geral, não se passam dez anos seguidos sem que todo o mundo industrial e comercial, a distribuição e a troca de todos os povos civilizados e de seu séquito de países mais ou menos bárbaros, saia dos eixos. O comércio é paralisado, os mercados são saturados de mercadorias, os produtos apodrecem nos armazéns abarrotados, sem encontrar saída; o dinheiro torna-se invisível; o crédito desaparece; as fábricas param; as massas operárias carecem de meios de subsistência precisamente por tê-los produzido em excesso; as bancarrotas e falências se sucedem.
O paradeiro dura anos inteiros. As forças produtivas e os produtos são malbaratados e destruidos em massa até que, por fim, os estoques de mercadorias acumuladas, mais ou menos depreciadas, encontram saída e a produção e a troca se vão reanimando pouco a pouco. Paulatinamente, a marcha se acelera, a andadura converte-se em trote, o trote industrial em galope e, finalmente, em carreira desenfreada - uma corrida de obstáculos da indústria, do comércio, do crédito, da especulação, para terminar, por fim, depois dos saltos mais arriscados, na fossa de um novo crack. E assim sucessivamente.
Cinco vezes repetiu-se a mesma história desde 1825 e, presentemente (1877), estamos vivendo-a pela sexta vez. E o caráter dessas crises é tão nítido e marcante que Fourier as abrangia todas ao descrever a primeira, dizendo que era uma crise plétorique, uma crise nascida da superabundância.
Nas crises estala, em explosões violentas, a contradição entre a produção social e a apropriação capitalista. A circulação de mercadoria fica, por um momento, paralisada. O meio de circulação, o dinheiro, converte-se num obstáculo para a circulação; todas as leis da produção e da circulação das mercadorias viram pelo avesso. O conflito econômico atinge seu ponto culminante: o modo de produção rebela-se contra o modo de distribuição. (Friedrich Engels, 1877)