quinta-feira, 30 de junho de 2011

Inferno grego

Deu no Mail online 29-11-2011, por David Williams e Christine Pirovolakis

Athens burns in riots: protests explode as Greek MPs debate EU's call for £25bn in cuts

Anger: Clouds of tear gas in Syntagma Square
in front of the Greek parliament where MPs debated over cuts

AFP/Getty Images. Fonte: Mail Online

2011-11-30

domingo, 26 de junho de 2011

Trilha sonora: Crônica da Casa Assassinada



Antônio Carlos Jobim














Crônica da Casa Assassinada
Tom Jobim
Vinícius de Morais

Parte 1: Trem pra Cordisburgo
[Instrumental]

Parte 2: Chora Coração

Tem pena de mim
Ouve só meus ais
Que eu não posso mais
Tem pena de mim

Quando o dia está bonito
Ainda a gente se distrai
Mas que triste de repente
Quando o véu da noite cai
Aqui fora está tão frio
E lá dentro está também
Não há tempo mais vazio
Do que longe do meu bem

Olho o céu, olho as estrelas
Que beleza de luar
Mas é tudo uma tristeza
Se eu não posso nem contar
O relógio bate as horas
Diz baixinho ela não vem
Ai de mim de tão altivo
Fiquei só sem o meu bem

Chora coração
Ouve só meus ais
Eu não posso mais
Chora coração

Parte 3: Jardim Abandonado
[Instrumental]

Parte 4: Milagre e Palhaços
[Instrumental]



quinta-feira, 23 de junho de 2011

Informação sigilosa: o mar não está para peixe

Dado que a grande imprensa não é mesmo confiável, eu tratei de ir à fonte. 

Não foi fácil de achar, em meio a disposições sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, a legislação da ANAC e da INFRAERO, a autorização para contratação de controladores de tráfego aéreo e outros que tais, mas lá está: pelo artigo 39, parágrafo único do RDC (Regime Diferenciado de Contratações Públicas), o governo PT-PMDB-sei-lá-mais-o-quê – que apesar de certas nefandas alianças teve, e ainda tem, o meu voto por uma questão de perspectiva política e histórica que talvez um dia eu tente defender junto aos meus leitores – propõe dar ao COI e à FIFA o direito de decidir quanto dinheiro do Tesouro do Brasil eles irão gastar com seu coliseu itinerante!! (As competições de alto nível são muito legais, leitor, mas se a gente pensar bem, a Olimpíada, como sugere o próprio nome, não passa de um Cirque du Soleil de semi-deuses do esporte). 

Em postagem anterior, insinuei que episódios desse tipo guardariam estreita relação com o “pacote de salvamento” que, por ocasião da quebra da roleta financeira norte-americana em 2008, o insuspeito Joseph Stiglitz, ex-economista-chefe do Banco Mundial, qualificou, em seu livro O Mundo em Queda Livre, de “O Grande Roubo Americano”.

Não me tome, caro leitor, por filosoficamente cético ou pessimista. Posso lhe assegurar, ademais, que estou feliz e de bem com a vida. Mas tenho cada vez mais presente a sensação de que, num futuro que já deu a largada, os Estados Unidos, indo daqui para lá, a China, vindo de lá para cá, com o Japão a reboque, e a Europa, como sempre no meio do caminho junto com os emergentes seus amigos, o Brasil incluído, acabarão misturados numa caótica sociedade burocrática pseudo-capitalista e pseudo-globalizada controlada por proprietários de imóveis, donos e executivos de bancos e gestores de fundos de pensão, com poderes equivalentes ao de concessionários – como nos tempos da tomada inglesa de Bengala – dos Tesouros dos Estados nacionais. 

Tudo isso, é claro, em meio a cataclismos climáticos cada vez mais severos e freqüentes. 

O COI, a FIFA e congêneres garantirão que as nacionalidades continuem a ser celebradas com a execução de seus hinos triunfantes nas batalhas desportivas e os “homens bons” irão regularmente à igreja pedir à mão invisível do mercado que assuma também o controle das intempéries. 

Resumindo, uma louca mistura de 1984 com Rollerball e Blade Runner

Possibilidades alternativas certamente existem, mas acho que vai ser preciso, de quando em quando, um showdown - em bom português, “botar o pau na mesa”. Porque não vai ser só com boas maneiras que sairemos desse imbróglio. 

Já lá se vão 23 anos da assinatura dos protocolos de Kioto e a impressão que se tem, a julgar pelas conferências de Copenhagen-2009 e Cancún-2010, é que o planeta não tem pressa. O cidadão instruído faz a coleta seletiva direitinho, nossas crianças aprendem a economizar água, os excluídos, porém honestos, dão sua contribuição ao esforço mundial de reciclagem vivendo da recolha de latinhas e o companheiro Minc faz das tripas coração com seus vistosos coletinhos étnicos (nesse quesito ele poderia, como dizia a minha avó, dar o braço ao companheiro Evo e sair correndo), mas os proprietários de terra estão mais preocupados em derrubar a floresta e se lixando para o problema de onde os pobres das cidades vão morar. Já os banqueiros, financistas e seus ventríloquos à testa dos Estados ricos têm coisas mais urgentes a tratar (a solvência da Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e... Estados Unidos !) do que o derretimento das calotas polares, o desemprego estrutural, o planeta-favela e a economia bandida. (Alguém duvida seriamente de que tudo isso são aspectos de uma única sociedade planetária?)

Eu sugiro começarmos a pensar em democracias sem banqueiros (para que eles servem, afinal? – indagaria o proto-funcionalista Aristóteles) nem latifundiários rurais e urbanos e que os mesmos poderes soberanos dados no Brasil ao COI e à FIFA sejam outorgados, no mundo inteiro, em caráter experimental, ao Painel da ONU sobre Mudanças Climáticas! Pior do que está, eu acho que dificilmente iria ficar.

2011-06-23


quarta-feira, 22 de junho de 2011

Suruba público-privada


Deu no Globo online
21-06-2011, por C Rocha, E Bottari e F Vasconcellos

Sérgio Cabral viajou em jato de Eike para festa de empresário com quem tem contratos de R$ 1 bilhão
(..) Cabral, ainda segundo o governo, embarcou no Aeroporto Santos Dumont às 17h de sexta-feira no jato Legacy de Eike. Estavam a bordo o governador, seu filho Marco Antonio e a namorada do rapaz, além de Cavendish e sua família. Após o pouso em Porto Seguro, parte do grupo embarcou no helicóptero para fazer a primeira viagem até o Jacumã Ocean Resort, de propriedade do piloto, Marcelo Mattoso de Almeida - um ex-doleiro acusado de fraude cambial há 15 anos e de crime ambiental de sua empresa, a First Class, na Praia do Iguaçu, na Ilha Grande, em Angra dos Reis. A decolagem foi às 18h31m, mas a aeronave desapareceu no mar. A última visualização de radar do helicóptero ocorreu às 18h57m. Cabral, seu filho Marco Antonio e Cavendish iriam na segunda viagem, rumo a Jacumã. A volta do governador ao Rio, na segunda-feira de manhã, foi num jatinho da Líder, pago pelo governo do estado. Eike doou R$ 750 mil para campanha.
Eike Batista e Sérgio Cabral no Rio em 2008
Foto: Fabio Motta / Estadão. Fonte Internet
Além de Cavendish, Eike mantém estreitas relações com o estado e com o governador. O megaempresário doou R$ 750 mil para a campanha de Cabral em 2010. Eike se comprometeu ainda a investir R$ 40 milhões no projeto das UPPs, a menina dos olhos da segurança do Rio.
Desta vez, a participação de Eike, ao oferecer o passeio até Porto Seguro, não tinha relação com projetos públicos. O motivo da viagem era o aniversário de Cavendish, comemorado sexta-feira. Os laços do empresário e da Delta com o estado foram se estreitando nos últimos anos. Se é o "príncipe do PAC" por conta do expressivo número de obras do programa federal que estão na carteira de sua empresa, Cavendish é o rei do Rio, se for considerada a generosa fatia do bolo de recursos do estado que recebeu nos últimos anos ou está prestes a abocanhar, por obras como a reforma do Maracanã ou do Arco Rodoviário, ambas estimadas em R$ 1 bilhão cada. Em 2007, no primeiro ano do governo Cabral, a Delta teve empenhos (recursos reservados para pagamento) no valor total de R$ 67,2 milhões. No ano passado, o número deu um salto de 655%, para R$ 506 milhões.
Nascida em Recife, a Delta ganhou impulso, no Rio, no governo Anthony Garotinho. Hoje ocupa posição de destaque na execução orçamentária de Cabral. Apenas em rubricas com grande concentração de obras, as cifras se agigantam: o DER empenhou em favor da empresa, no ano passado, R$ 40,1 milhões, e a Secretaria estadual de Obras, R$ 67,9 milhões. (Continua)

2011-06-22





domingo, 12 de junho de 2011

Trilha sonora: Alunar

Milton Nascimento e Som Imaginário










Alunar
Lô Borges
Marcio Borges

Alunar, aterrar
lá em casa minha mãe
não parou de pensar
tudo em paz com nosso Deus
alunar, aterrar
assegure o amanhã

E o sol vertical
fogo solto na manhã
alunar, ilusão
ver aquele musical
tudo em paz
se eu morrer
não me esqueço de você

Alunar, alunar
fogaréu vertical
aterrar, aterrar
não preciso de seu medo, mamãe
só morrer é seguro
tudo em paz, tudo bem
quer ver soluções
boa noite, meu bem
tudo em paz com nosso amor e depois
só morrer é seguro

Anjos de cristal
velharia lá de casa
cores, corpos, casa

Alunar, aterrar
assegure o amanhã
e o sol vertical
velha estrela de latão
ilusão, ilusão
tudo bem com nosso amor

Alunar, aterrar
lá em casa minha mãe
não parou de pensar
ver aquele musical
tudo em paz, se eu morrer
não me esqueço de vocês.



sábado, 4 de junho de 2011

Blair twitch


Deu no El País
02-06-2011, por El País

Blair sobre el 15-M: "Hay que escuchar a quien protesta pero que no te gobierne"
El ex primer ministro británico Tony Blair sabe mucho de protestas masivas. Las sufrió cuando decidió que su país participara en la guerra de Irak, en 2003. De visita en España, el británico ha afirmado, en referencia al movimiento 15-M que ha tomado plazas por toda España, que, como líder político, en una democracia hay que "escuchar las protestas que hay en la calle, pero no puedes dejar que te gobiernen".
"Mi problema con las protestas callejeras es que, si no tienes cuidado, los medios acaban creando una situación en la que [los manifestantes] tienen legitimidad no solo en su derecho a protestar, sino en lo que están diciendo", ha declarado Blair en la cuarta edición del Foro Novartis de Excelencia, informa Europa Press.
(..) En su calidad de representante del Cuarteto para Oriente Próximo, Blair se ha entrevistado en La Moncloa con el presidente del Gobierno, José Luis Rodríguez Zapatero. Ambos han hablado sobre las revueltas democráticas en el mundo árabe y las perspectivas de paz entre palestinos e israelíes. 


2011-06-03

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Arcanos

Deu no Estado de S Paulo online
27-01-2011, por Sewell Chan / NY Times

Crise financeira de 2008 poderia ter sido evitada
Comissão americana conclui que Fed e outros órgãos do governo dos EUA falharam
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Desde 1825, ano em que estalou a primeira crise geral, não se passam dez anos seguidos sem que todo o mundo industrial e comercial, a distribuição e a troca de todos os povos civilizados e de seu séquito de países mais ou menos bárbaros, saia dos eixos. O comércio é paralisado, os mercados são saturados de mercadorias, os produtos apodrecem nos armazéns abarrotados, sem encontrar saída; o dinheiro torna-se invisível; o crédito desaparece; as fábricas param; as massas operárias carecem de meios de subsistência precisamente por tê-los produzido em excesso; as bancarrotas e falências se sucedem.
O paradeiro dura anos inteiros. As forças produtivas e os produtos são malbaratados e destruidos em massa até que, por fim, os estoques de mercadorias acumuladas, mais ou menos depreciadas, encontram saída e a produção e a troca se vão reanimando pouco a pouco. Paulatinamente, a marcha se acelera, a andadura converte-se em trote, o trote industrial em galope e, finalmente, em carreira desenfreada - uma corrida de obstáculos da indústria, do comércio, do crédito, da especulação, para terminar, por fim, depois dos saltos mais arriscados, na fossa de um novo crack. E assim sucessivamente. 
Cinco vezes repetiu-se a mesma história desde 1825 e, presentemente (1877), estamos vivendo-a pela sexta vez. E o caráter dessas crises é tão nítido e marcante que Fourier as abrangia todas ao descrever a primeira, dizendo que era uma crise plétorique, uma crise nascida da superabundância.
Nas crises estala, em explosões violentas, a contradição entre a produção social e a apropriação capitalista. A circulação de mercadoria fica, por um momento, paralisada. O meio de circulação, o dinheiro, converte-se num obstáculo para a circulação; todas as leis da produção e da circulação das mercadorias viram pelo avesso. O conflito econômico atinge seu ponto culminante: o modo de produção rebela-se contra o modo de distribuição. (Friedrich Engels, 1877)


2011-06-03