Se era para desembocar num referendo, por que deixar para fazê-lo aos 48 minutos do segundo tempo – quando Atenas já há de estar exausta de ansiedade, frustração e incerteza, quem sabe a ponto de desfalecer nos braços dos banqueiros que se propõem a “resgatá-la”, a peso de ouro, do caos que eles mesmos criaram?
Acaso Tsipras acreditava que Hollande viria em seu socorro?
Por que Tsipras perdeu tanto tempo numa negociação em que
se tratava de saber se a Troika exigiria de Atenas dez ou nove e meio de seus dedos,
em vez de preparar gregos, troianos e tebanos para a inevitável moratória da dívida, o controle
dos bancos e a consequente batalha pelo significado da União Europeia para todos os povos do continente?
E por que cargas d'água Syriza não usou o tempo gasto nessas negociações, que
todos sabiam ser um beco sem saída, para convocar Podemos, Guanyem e todas as organizações europeias anti-Troika nascidas dos indignados de 2013, além, é claro, dos partidos e sindicatos tradicionalmente ligados aos trabalhadores, para uma campanha continental contra as políticas de
austeridade, precariedade e desemprego que assolam todos os países da Europa - e em defesa da Grécia?
Teria sido para evitar constrangimentos com Hollande e os chefes da social-democracia europeia? Ou por desconfiar que os partidos e sindicatos tradicionalmente ligados aos trabalhadores se alinhariam com seus banqueiros pátrios contra a Grécia?
Acaso terão sonhado alguma vez as lideranças de Syriza que os barões da social-democracia, da UGT, da CGT, de CCOO sairiam, por livre e espontânea vontade, em defesa dos trabalhadores gregos?
Se a mais grave crise social europeia desde a Segunda Guerra Mundial não é o momento para a abertura de uma janela autenticamente socialista - vale dizer plebeia, democrática e internacionalista - sobre o continente europeu, um espaço plurinacional com fronteiras franqueadas a cidadãos comuns e trabalhadores de 28 cidadanias diferentes, eu me pergunto: quando então será?
Teria sido para evitar constrangimentos com Hollande e os chefes da social-democracia europeia? Ou por desconfiar que os partidos e sindicatos tradicionalmente ligados aos trabalhadores se alinhariam com seus banqueiros pátrios contra a Grécia?
Acaso terão sonhado alguma vez as lideranças de Syriza que os barões da social-democracia, da UGT, da CGT, de CCOO sairiam, por livre e espontânea vontade, em defesa dos trabalhadores gregos?
Se a mais grave crise social europeia desde a Segunda Guerra Mundial não é o momento para a abertura de uma janela autenticamente socialista - vale dizer plebeia, democrática e internacionalista - sobre o continente europeu, um espaço plurinacional com fronteiras franqueadas a cidadãos comuns e trabalhadores de 28 cidadanias diferentes, eu me pergunto: quando então será?
2015-06-30