Ela terá, no entanto, de se dar em meio a um debate áspero, intenso e obrigatório de ideias conflitantes a respeito de como chegamos a essa crise e de como sair dela. A unidade na luta não supõe nem admite a prévia supressão das divergências, muito menos a renúncia de cada um a suas ideias e iniciativas.
Urge a formação de um Comitê Nacional supra-partidário para a defesa do MANDATO PRESIDENCIAL de Dilma Rousseff, que não pode, sob nenhum pretexto, se confundir com a defesa do governo Dilma (ou de Lula e do PT), tampouco com o repúdio apriorístico à Lava-Jato, ao MP, à Polícia Federal, ao STF.
Qualquer tentativa de embaralhar as cartas, de subordinar a luta contra o impeachment a acordos prévios, explícitos ou implícitos, a respeito da posição “governista” ou “anti-governista” das pessoas e entidades envolvidas é um crime contra as aspirações democráticas dos trabalhadores, dos intelectuais, da juventude estudantil, de todos os brasileiros.
Não vejo ninguém melhor, a esta altura, para liderar essa iniciativa, que poderá ter alcance internacional, do que a deputada Luiza Erundina. Em recente entrevista concedida a O Globo, ela resumiu com absoluta propriedade a situação: “Contra o impeachment de Dilma, independentemente de minhas críticas ao governo Dilma”.