Em 2016, o PT foi incapaz de organizar uma campanha nacional em defesa do MANDATO de Dilma Rousseff. Os democratas legalistas que quisessem unir forças aos petistas em defesa do MANDATO eram obrigados a optar entre não fazer nada e entubar o pacote petista completo: o governo Dilma, seu ministério, o onisciente Lula e até as análises de conjuntura de Rui Falcão. Dirão que houve manifestações unitárias. Sim, houve umas poucas, tão inflamadas quanto insignificantes, à margem de qualquer movimento organizado de caráter nacional e quando nada mais restava senão espernear.
O exemplo mais pungente dessa tragédia foi o desabafo da atriz Monica Iozzi, que, ao se sentir incluída numa manchete de sua própria empregadora como defensora do governo Dilma por ter comparecido a uma manifestação pseudo-unitária no Largo da Carioca, declarou num tweet: "Corrigindo a manchete. Manifestação em DEFESA DA DEMOCRACIA. 'Ser legalista não é o mesmo que ser governista'".
O resultado do desprezo pela autêntica unidade de ação entre democratas de diferentes afiliações foi o que se viu: derrota acachapante, confusão inominável e ascensão ao poder - mesmo de dentro da cadeia - da canalha peemedebista acobertada, durante os anos dourados do crescimento econômico, como amiga do povo pelos técnicos petistas da unidade popular.
Menos de três anos depois, o erro se repete: em vez de organizar uma campanha nacional em defesa do DIREITO DE LULA À CANDIDATURA em 2018, em que possam se manifestar petistas e não petistas, lulistas e não lulistas, verdes e vermelhos, nacionalistas e internacionalistas, democratas e socialistas, a máquina petista de contrafações políticas tenta impingir a todas as correntes democráticas a PRÓPRIA CANDIDATURA DE LULA como objeto da unidade - com o pacote completo: os golpistas de 2015 devem ser perdoados em prol do “bem maior” da governabilidade porque, afinal, a culpa pelo impeachment de Dilma é do movimento de 2013 e a responsabilidade pela catástrofe econômica do Brasil, e até pela falência do Estado do Rio é, como se sabe, da Lava-Jato.
Se eu fosse membro da liderança do PSOL, proporia uma "embaixada" ao PT para discutir as condições de uma campanha nacional, aberta a todas pessoas e entidades interessadas, pelo DIREITO DE LULA À CANDIDATURA em 2018. Abrir mão de candidatura própria não seria, definitivamente, uma delas. Ao contrário: afirmá-la seria, nessas condições, uma enorme contribuição para a educação política de suas bases, das bases do PT e até das multidões!
2018-01-01