BBC News Brasil 28-01-2025
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cgq0198py2po
(..) A "lenta agonia do declínio" da economia europeia, da qual fala Mario Draghi, é um fenômeno de décadas. Em 2000, os 20 países que compõe a zona do euro (nações que integram a União Europeia e usam o euro como moeda) representavam quase 20% da economia mundial — e a China; menos de 4%. Em 2023, a participação da China na economia mundial saltou para 17%; e a dos países da zona do euro encolheu para menos de 15%. Ao longo deste século, a economia da zona do euro cresceu em média 1,27% ao ano — abaixo do ritmo de crescimento econômico do mundo todo, que no período foi de 2,97%. E a Europa viu outros países e regiões crescerem em um ritmo mais acelerado: 2,17% nos EUA, 8,24% na China e 2,29% no Brasil. (..)
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Montagem: Avebarna |
Para Mario Draghi, como para os capitalistas em geral, declínio significa taxas de crescimento do valor total da produção cronicamente inferiores às de seus competidores. E ele não está errado - do ponto de vista de suas premissas. O problema é que suas premissas estão vencidas, por implicar tanto o inexorável agravamento de conflitos sociais e nacionais de todo tipo quanto a destruição mais ou menos rápida do planeta Terra como lugar propício ao florescimento da civilização humana. Os progressistas que abram o olho: não há solução de meio termo. O Estado capitalista do bem-estar ficou para trás. A humanidade precisa começar a construir, com urgência, um modo de produzir, distribuir e consumir seus meios de existência que seja compatível com o meio ambiente que nos sustenta a todos. Vale dizer, a humanidade precisa assumir o comando de sua economia. O significado que os capitalistas e economistas em geral atribuem a esse termo é uma mixórdia de preconceitos setecentistas totalmente à margem de seu contexto histórico.