Capa do diário Lance 03-08-2015 |
E para que não me tomem por negativista, eu sugiro que, em vez de pôr R-10 para atuar no campeonato brasileiro – onde muitas equipes, inclusive a nossa, já dão passos efetivos para tentar praticar o gênero de futebol que o tornou irrelevante nos campos da Europa –, poderíamos mandá-lo com a nossa brilhante equipe sub-20 a excursionar pelos mercados emergentes. Os garotos iam adorar, os árabes, chineses, tailandeses, norte-americanos e indianos também, e a marca Fluminense FC se tornaria conhecida em todo o mundo, como parece ser a justa preocupação dos inventores dessa aventura extemporânea.
No dia em que o Flu, que vinha de duas derrotas absolutamente evitáveis e um recuo considerável na tabela de classificação, enfrentaria um dos times mais velozes e bem estruturados campeonato, dizer, como fez a matéria do Lance, que “a torcida tricolor quer ver lances de efeito” é insinuar que a disputa pelo título se tornou secundária e que o que se espera da equipe é coadjuvar à altura o espetáculo de showbol de R10.
Insuflar, com o indisfarçável propósito de turbinar a venda de notícias, a ídolo-dependência infantil de milhões de torcedores que acreditam que tudo se resume, para vencer no futebol, a ter do seu lado o gênio da camisa 10 é contribuir para a tese de que o que aconteceu na Copa das Copas foi um mero acidente de percurso, quando muito um apagão generacional, não a desagradável conseqüência de termos ficado décadas beatificamente - burocraticamente seria mais exato - deitados em berço esplêndido a desfrutar imaginários privilégios de povo eleito do mundo do futebol, destinado, do início ao final dos tempos, a vencer sambando com a bola no pé.
03-08-2015