sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Talento desperdiçado

Deu na coluna do Tostão
O Tempo, 14-10-2015
Roscas, trivelas e três dedos” 
“Lembrei-me disso ao ver o excepcional e jovem meio-campista brasileiro Thiago Alcântara na seleção espanhola. Se ele tivesse sido formado no Brasil, certamente, seria hoje muito inferior ao que é, escalado como um meia ofensivo, para entrar na área, já que o meio-campo, no Brasil, foi dividido entre os volantes que marcam e os meias que atacam.”


Sempre que me deparo com esse tema, recorrente nas crônicas do Tostão, eu me lembro de Carlos Alberto, revelado nas categorias de base do Fluminense - um dos maiores desperdícios do futebol brasileiro da era dos cabeças-de-área.

Meio-campista nato, de extraordinário talento, Carlos Alberto foi convertido pela nefasta divisão assinalada por Tostão em um errático meia-atacante condutor de bola e medíocre finalizador, com consequências quase trágicas – considerando a sua propensão para a rebeldia desgovernada – para a própria carreira.

Em uma entrevista concedida na época em que comandava a Inter de Milão, José Mourinho disse que Carlos Alberto era “espetacular”, mas admitiu não fazer ideia do paradeiro do jogador: “não sei onde joga''.* 

Não sabia mesmo.  Foi com a inestimável ajuda de Mourinho – e do acaso monstruoso também, tendo marcado um dos gols do Porto na decisão da Champions League de 2004, contra o Mônaco – que Carlos Alberto teve glorificados a malversação e o desbarato do seu enorme talento.

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