Em 1995, quando a “economia de
serviços” era o tema da moda, eu disse a um incrédulo colega consultor em
planejamento, num momento de inspiração, que “o Brasil exportar laranjas e
importar suco embalado é quase a mesma coisa que exportar jogadores e importar
futebol pela TV”.
Em 2006, quando meu professor preferido
de economia urbana me revelou seu interesse em estudar bens que, como a terra,
tivessem “preço de monopólio”, eu sapequei: “jogador de futebol”.
Aí, quando em 2008 o estouro da bolha
pôs a nu o papel da indústria imobiliária no desenvolvimento capitalista
contemporâneo, eu me dei conta de que não é coincidência o fato de traficantes
e especuladores investirem em mega-projetos imobiliários e xeiques árabes e
novos-ricos russos em times de futebol.
É por isso que, em 2011, quando ouço comentários ufanistas do tipo ‘o
Brasil vai virar potência’, meu primeiro reflexo é pensar: ‘Certo:
quando o Cartel de Medellín comprar a AFA e a N'drangueta a CBF e o
Messi e o Rooney vierem jogar no Corínthias, o Ibrahimovich e o Nasri no
Flamengo, o Cristiano Ronaldo no meu Fluminense, o Xavi no Cruzeiro,
o Ribery no Boca Juniors, o Ozil e o Iniesta no River Plate, o Sneider no
Peñarol, o Drogba na LDU, o Thiago Silva vier para o Santos fazer tripla
com Neymar e Ganso e a Rede Globo vender a Libertadores para a Europa, Ásia e
EUA pelo preço mais alto do mercado esportivo mundial!
2011-11-02