sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Procrastinação fatal?

Imagem: Internet
A terça-feira 3 de outubro era o momento crítico para que o Parlamento autonômico - sob impulso da maré de desobediência civil que assombrou o planeta, do resultado inequívoco do referendo independentista e da greve geral da nação insurgente - se reunisse, proclamasse a República da Catalunha e declarasse aberto o processo Constituinte.

De preferência com um apelo à solidariedade ativa dos democratas, indignados e pessoas comuns - las gents - de todo o mundo, a começar, e principalmente, da própria Espanha.

Restaria ao Estado espanhol o recurso extremo de enviar os tanques, como pediu Alfonso Guerra, verdugo histórico do PSOE a serviço da Coroa e do franquismo insepulto.

A insurgência poderia ser contida, talvez até derrotada pela onipresença da força bruta contra a nação pacífica e desarmada. Mas a República permaneceria como uma esfoladura em carne viva, abrindo uma ampla via para a solidariedade dos trabalhadores e dos povos da Espanha e da Europa, impondo um patamar significativamente mais elevado para eventuais negociações e, o mais importante, legando à nação insubmissa o objetivo claro e palpável de toda a luta subsequente: a eleição e instalação de sua Assembléia Constituinte livre, democrática, republicana e soberana.

A procrastinação da sessão do Parlamento até a segunda-feira 9 de outubro foi um erro da liderança republicana, potencialmente fatal tendo em vista a mobilização rápida, ainda que tardia, de todos os recursos políticos, econômicos, midiáticos, burocráticos, ideológicos, jurídicos e policiais ao alcance da reação mundial contra a "insensatez independentista" - da Catalunha e do Curdistão.

Aguardemos – com o coração apertado.

2017-10-05